Liberdade

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(artigo atualizado em 04/10/2023, assistam ao último vídeo)

Pensei mais de uma vez se realmente deveria escrever sobre “O Som da Liberdade”, uma vez que é um filme que está causando certa polêmica – porém por um assunto errado.

Ora, o filme trata de exploração sexual, trata de sequestro de menores para a venda dessas crianças para comerciantes do sexo.

E, pasmem, a polêmica virou: filme de direitistas, portanto esquerdistas devem falar mal, mesmo sem assistir.

Vamos lá: quase não fui assistir ao filme porque a mídia liberou alguns comentários bem desfavoráveis, do qual destaco esse da Veja:

“A conversão do longa em símbolo dessa agenda ideológica passou pelo endosso de conservadores como Donald Trump, Elon Musk e Mel Gibson (que é um dos produtores). Além disso, o roteiro usa como pano de fundo uma teoria disseminada pelo movimento conspiratório QAnon. Entre várias ideias delirantes, a organização obscura denuncia (sem provas) a existência de uma rede de tráfico infantil mundial promovida pela esquerda”.

Quando li isso pensei: que barbaridade. Fiquei louco para falar do filme e dizer para todo mundo ouvir: como assim existe uma rede promovida pela esquerda para sequestrar crianças? Existem bandidos que fazem isso. Não tem nada a ver com esquerda e direita.

Mas aí pensei: como vou escrever se não assisti ao filme?

Paguei meu ingresso e fui ao cinema. Quarta-feira a tarde. Sala razoavelmente cheia em Porto Alegre.

A sinopse do filme era essa: Um ex-agente federal embarca em uma perigosa missão para salvar uma menina dos cruéis traficantes de crianças. Com o tempo se esgotando, ele viaja pelas profundezas da selva colombiana, colocando sua vida em risco para libertá-la.

Trata-se de um filme baseado nume história real, vemos nos créditos imagens de sequestros de crianças, vemos ao final as imagens reais da operação.

O que acontece no meio disso tudo é cinema: o policial se dá conta que já prendeu vários pedófilos, mas nunca salvou nenhuma vítima. A partir daí o homem se esforça para fazer isso.

Há alguma menção há homens maus da esquerda? Não. Há qualquer teoria que diga que esquerdistas sustentem uma rede de tráfico humano? Não também.

Saí desconcertado do cinema.

Não apenas pelo tema do filme. Sim, é muito pesado. Porém o filme respeita as crianças, respeita a audiência, trabalha com o não dito, o insinuado. É um filme merecedor de Oscar e prêmios? Não. É um filme de 2,5 a 3 estrelas. Porém, pela coragem de abordar esse tema, merece destaque, sim.

É um filme que nos anos 90 facilmente seria estrelado por Bruce Willis, Mel Gibson ou até mesmo Arnold ou Stallone (claro que teria mais ação). Ah, mas agora li que um dos problemas é que o ator é cristão radical. Religião é problema, mesmo? Quem defende isso se anima a falar mal de religião de matriz africana? Ou só pode falar mal de um tipo de crença.

Alguns problemas que apontaram para mim:

– “mais um filme de branco hétero salvando o mundo”: esse é o argumento mais idiota que vi, pois se trata de uma história real, basta procurar uma imagem do Tim Ballard e ver que ele é branco e hétero. Ou se o filme tivesse a Viola Davis salvando o mundo seria muito bom?

– “latinos bandidos e americanos do bem”: países de terceiro mundo são explorados, infelizmente. Porém o filme deixa claro que os EUA são os maiores consumidores dessas menores que são abusadas. Ou seja: não existe passada de pano.

– “o filme enfeitou a história real”: que filme não faz isso? Todos os filmes ditos históricos têm liberdades artísticas declaradas.

Os realizadores são de direita ou de esquerda? Não interessa. Produtores querem dinheiro e lucro e pagar as contas, como todos os seres humanos.

Os filmes e séries de hoje em dia batem muito nos ricos, a moda é falar mal de empresários, e tudo isso é normalizado e exaltado. Um filme com temática que alerta para pedofilia é boicotado? A quem interessa esconder esse debate?

Depois do filme, assisti ao documentário Jeffrey Epstein: Poder e Perversão na Netflix e mais ou menos entendi a quem interessa esconder esse tipo de tema: aos poderosos. Vocês ainda estão pensando em esquerda e direita? Sério isso?

No documentário vemos um grande investidor e pedófilo que durante décadas abusou de meninas nos EUA. Ele tinha uma ilha privada que fazia isso. Sabem quem ia nessa ilha? Donald Trump e Bill Clinton. Direita e Esquerda.

Perversão e bandidagem não têm partido.

Agora, mal caratismo tem. Porque essa matéria da VEJA é muito cachorra e tendenciosa e quase me fez deixar de assistir esse apenas bom mas muito importante filme.

Curiosidades:

– O Brasil está em segundo lugar no ranking da exploração sexual de crianças e adolescentes: https://www.childfundbrasil.org.br/blog/brasil-ocupa-segundo-lugar-em-ranking-de-exploracao-infantil/

– O filme começou a ser produzido pelas grandes empresas de Hollywood e ficou engavetado por 5 anos. Quem se interessava em esconder essa história?

– Nas últimas semanas tem aparecidos notícias envolvendo apoiadores do filme e abusos de crianças ou mulheres. Prendam todos. O filme já serviu para algo.

– Indico esses vídeos de Youtubers que falam de cinema e não tem nenhuma vinculação política e falam honestamente sobre o filme:

 

 

 

ATUALIZAÇÃO:

 

 

 

 

 

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