Não devemos viver apenas para pagar boletos

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Como num passe de mágica, finalmente entendi aquilo que todos nos dizem: “a vida é tão frágil que deve ser aproveitada ao máximo” e “não podemos deixar para depois o que podemos fazer agora”, e todas essas coisas.

Por ser um sonhador incurável, sempre vou protelando meus objetivos mais pessoais, esperando que certos objetivos profissionais se concretizem antes. Isso porque a minha geração, essa da casa dos trinta anos, foi ensinada a sonhar ter uma profissão que desse dinheiro, a nunca parar de estudar, a acreditar que o dinheiro traria felicidade, e essas coisas todas.

Infelizmente, ao chegar aos trinta anos, nos deparamos com aquela situação de não estarmos realizados profissionalmente, porque, durante muitos anos, buscamos os sonhos que nos foram induzidos a buscar pelos nossos pais, pois o pensamento da geração anterior era justamente este: valorizar mais o trabalho e menos a família. A nossa geração chegou com muita coisa conquistada: as mulheres invadiram o mercado de trabalho, garantiram a igualdade, independência, e tudo mais; e nós, os filhos, ficamos pelas escolinhas e babás.

Nada a reclamar, pois considero que fui muito bem-criado. Porém, hoje vejo que talvez a minha geração não tenha esse mesmo sonho e supervalorização da carreira. Muitos pensam como eu, gostariam de uma vida mais tranquila, perto das pessoas que gostam.

Por exemplo, quando descobri, algumas semanas atrás, que meu pai estava com algumas complicações de saúde, isso caiu como um balde de água fria. Recebi no meu rosto um gancho de direita vindo da triste realidade. Com isso, dei-me conta de que somos passageiros por aqui e de que a vida passa rápido demais. Portanto, não dá para justificar todo esse excesso de trabalho, de compromissos e de distância das coisas que realmente importam. Não devemos deixar de viver o presente na ânsia de conquistar mais dinheiro, de criar mais contas e de ter, enfim, mais boletos para pagar.

Por sorte, já venho me desprendendo dessa loucura de ficar em empregos que nos pagam muito pouco e nos exigem jornadas de doze horas por dia para engordar uma conta bancária que nem mesmo é a minha.

Aos trinta, “comprei” minhas horas à disposição de volta e deixei meu sonho de ser escritor voltar a ter um espaço na minha rotina. Ninguém pode ser escritor por mim. Ninguém pode viver os meus momentos por mim. De nada adiantaria estar vendendo minhas horas para algum escritório de advocacia qualquer e não poder acompanhar meu pai e minha mãe nesses momentos de dificuldade.

Obrigado, meu Deus, por nos dar mais uma chance. E muito obrigado por ter aberto os meus olhos um pouco antes e ter me mostrado que é possível viver e ser feliz trabalhando com aquilo que se ama e não com aquilo que a sociedade nos impõe.

Amigos: não vamos viver apenas para pagar boletos! Como diz a música: “a vida é trem bala, parceiro”.

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