Um dia eu acreditei que os professores tinham a mais digna e importante profissão do mundo. Tenho lembranças maravilhosas das “tias” da pré-escola, das professoras dos anos iniciais e dos professores do ensino médio. Esses, pela nossa proximidade e por tanto tempo de convívio, dividiam conosco histórias, viagens e eventos sociais.
Tenho um respeito profundo e uma admiração enorme por cada mestre que passou pela minha vida. Cada um deles deixou em mim marcas e cicatrizes que ajudaram a formar aquilo que sou hoje. Cada vez que abro mão de alguma oportunidade mais fácil – acreditem, no Judiciário o que mais existe é o “jeitinho” – pelo caminho da correção e do justo, me lembro dos seus ensinamentos e penso que eles ficariam orgulhosos.
Minha mãe, recentemente aposentada, viveu e se entregou para o magistério e para as escolas nas quais trabalhou durante muito tempo e com todo seu amor e dedicação. Minha mãe trabalhou um, dois, três turnos, acreditando e amando sua profissão. Minha mãe, guerreira, demorou para, finalmente, se aposentar. Isso por amar profundamente aquilo que fazia.
Nós, da família, sabíamos disso e soubemos dividi-la com tantos alunos, professores e diretores em um sem fim de reuniões, festinhas dos alunos, apresentações, feiras de ciências, treinamentos e viagens. Almoços de quinze minutos eram uma rotina. Sempre admiramos essa paixão e essa entrega da minha mãe por sua profissão.
Particularmente, eu tenho até uma certa inveja dela, pois meu olho não brilha para a minha profissão tanto quando o dela sempre brilhou para a dela.
Mas o Brasil, ah… o Brasil! Esse nosso país deitado eternamente em berço esplêndido não valoriza seus mestres. Professor, aqui, é mal remunerado, achincalhado por alunos, desrespeitado, agredido. E nosso povo acha normal, acha justificativas – é direitista, é esquerdista, perseguiu tal aluno, etc, etc… Quem nunca tem razão são eles: os professores. Logo eles que recebem migalhas do nosso governo para preparar os futuros líderes da nossa nação.
Se temos professores despreparados hoje em dia – e temos, isso é uma realidade – é porque essa virou uma profissão pequena, e a remuneração é pífia. E no Rio Grande do Sul a situação é ainda pior.
Nós, gaúchos, que somos tão politizados, que achamos que nossos feitos nos justificam, votamos num administrador incompetente, que, na própria campanha, já era motivo de piada, e que desrespeita, leva ao chinelo os direitos dos professores. Salários parcelados já são rotina. No último mês, os professores receberam R$ 350,00 de salário. Tal valor era o salário mínimo no ano de 2006, e no Estado ninguém recebia esse valor em razão do piso regional.
Que tristeza isso me causa. Espero um dia ver o salário dos professores equiparados aos dos servidores do judiciário. Lá, muita gente que sequer tem terceiro grau completo recebe bem mais que um professor e faz até sentença.
Acorda, Brasil!
2 thoughts on “Um dia eu acreditei que os professores tinham a profissão mais importante do mundo”
Obrigada querido pelo teu carinho. Deus abençoe sempre você! As tuas palavras são gratificante . E acalenta está classe só reconhecida por pessoas especiais com você.
Mais que merecido o reconhecimento, professora. Ainda sonho que um dia as coisas melhorarão! Abraços