Recentemente, o grupo Tribalistas anunciou seu retorno. Assim como a maioria dos brasileiros que gostam de música boa, fiquei muito contente com o retorno da formação original, com Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.
A música deles chega a nos fazer um carinho nas orelhas, uma vez que ao tentar escutar as “Top 50” do Brasil no Spotfy temos apenas sertanejo e funk. Mas o assunto que eu queria falar mesmo é sobre intolerância.
Esses dias aconteceu nos Estados Unidos a marcha dos homens brancos e héteros contra toda e qualquer minoria. Fiquei muito surpreso de ver esse tipo de manifestação em pleno 2017. Por onde andaram essas pessoas nos últimos setenta anos? Escondidos com vergonha de seus antecessores e agora – justamente agora – resolveram aparecer?
Não é mera coincidência que nos Estados Unidos existe um presidente como Trump. Machista e arrogante. Líderes assim encorajam esses seres que não aceitam as diferenças a se manifestar. Não é mera coincidência que no Brasil há chances reais do “mito” (entre aspas, mesmo) ter votos consideráveis. Outro machista e arrogante. No Brasil, adoramos copiar, não é mesmo?
Por que eu comecei esse texto falando dos Tribalistas? Porque uma de suas músicas de trabalho é um belo poema que se chama “Um só”. E, em momentos de intolerância como o que estamos vivenciando, essa canção é um bálsamo e uma mensagem de esperança.
A música defende a ideia de que, apesar das diferenças, somos um só.
Porém, quando li os comentários sobre a música, vi diversos representantes da “família tradicional brasileira” que leram a palavra “comunista” na letra e já interpretaram de forma equivocada a canção, dizendo que não são farinha desse mesmo saco.
Esse é o mundo em que vivemos. Um lugar cheio de ódio e separatismo. Por favor, leiam a letra inteira e entendam que estamos todos do mesmo lado – nós respiramos (como bem disse o sábio John Snow). Todos temos o direito de ter nossas ideologias e, portanto, não devemos odiar ninguém por pensar diferente.
Que letra maravilhosa! Sejamos mais tolerantes, sejamos um só!
Somos comunistas
E capitalistas
Somos anarquistas
Somos o patrão
Somos a justiça
Somos o ladrão
Somos da quadrilha
Viva São João
Somos todos eles da ralé, da realeza
Somos um só
Um só
Um, dois, três
Somos muitos
Quando juntos
Somos um só
Um só
Somos democratas
Somos os primatas
Somos vira-latas
Temos pedigree
Somos da sucata
E você aí
Somos os piratas
Guarani-tupis