Preciso confessar que não sou daquelas pessoas otimistas. Eu gostaria muito de ser aquele que sempre vê o copo meio cheio, que sempre espera o bem dos outros, que se satisfaz com qualquer coisa.
Mas a verdade é que, apesar da literatura me dizer o contrário, o direito me faz sempre esperar o pior das pessoas.
Que exagero, Rodrigo. Por que isso?
Existe mais de uma resposta possível. A mais honesta é que sou uma pessoa que possui a tal síndrome do pensamento acelerado, onde adivinho vários futuros possíveis (todos catastróficos), e isso gera ansiedade, que gera transtornos e um pessimismo inevitável com o que virá.
Mas ainda tem outra resposta, que é verdadeira também, que é a de quem trabalha com o direito de verdade, do dia a dia, que tem que lidar com juízes – que nada mais são que umas pessoas que decidem o futuro de outras pessoas, porque essas no geral não conseguem sentar e conversar e resolver seus problemas sozinhos (tá, estou exagerando, mas a maioria dos processos que envolvem dívidas, pelo menos, poderiam ser resolvidos com uma boa conversa)… E assim, aos poucos, a gente vai deixando de acreditar na seriedade das pessoas…
E as audiências, então? Um teatro de cartas marcadas, onde quase todos vão ensaiados, os juízes com tudo pré-decidido, pois até a ideologia de cada um deles já demonstra que tal julgador é mais justiceiro do que juiz… Enfim… Tem como ser otimista nesses cenários?
Por outro lado, invejo os otimistas; aqueles que não importa os problemas, sempre acham que está bom, ou que podia estar pior. Que não enxergam as rasteiras dos colegas com malícia, pensam que as pessoas são boas e apenas não estão em dias bons…
Eu já penso sempre o pior. As pessoas não são boas, não sabem trabalhar no coletivo e quando sobem degraus hierárquicos nas empresas estão sempre esperando para foder com os mais abaixo. O homem é o lobo do homem. Quem tem boas armas tem bons amigos… Tudo que a gente estudou um dia é verdade.
Mas o que me deixa mais indignado com tudo isso é que o otimista e eu vamos morrer do mesmo jeito. Mas o caminho dele vai ter sido leve. E o meu, e dos demais pessimistas, terá sido com um sofrimento diferente por dia.
Será que vale a pena?
3 thoughts on “Não sou daquelas pessoas otimistas”
Excelente reflexão Rodrigo enriquecida por autoconhecimento. Parabéns.
Perfeito, Rodrigo! PERCEBO, nesse cenário, uma peça de teatro com os atores já sabendo os seus papeis ou semelhante a um jogo de xadrez, em que o final é imprevísivel, pois depende da habilidade dos jogadores… PARABÉNS pelo texto!
Obrigado pela leitura, Marcia.