Como sempre, esperava tranquilo no bar do Posto do quilometro 50 da rodovia. No passado, fora um posto movimentado na região, com mercado, festas, bailes e encontros. Hoje está abandonado, deteriorado e cheio de feridas, como as gentes daquele rincão. Marco risca um fósforo, acende o cigarro e pede um trago.
Um café, Marco?
Hoje estava pensando em algo mais doce… Pé sujo?
Pode ser, respondeu e deixou que a fumaça invadisse cada brônquio de seu pulmão. Engasgou-se ao ver que quem esperava já estava do seu lado. Servido? Ofereceu o copo de vinho misturado com Coca-cola.
Não, obrigado.
Marco encarou aquele sujeito. Conhecia desde novo, o guri. Nunca imaginou que seria contratado por ele.
Marco, começou a falar, preciso do teu serviço. Acho que minha mulher está me traindo, com o Guga. Logo com o Guga! Tu podes me ajudar?
Marco pegou o copo de vidro, ficou observando o líquido enquanto ele girava em círculos, manchando as paredes foscas do objeto. Bebeu.
Poder, eu posso. Mas o que ele fez ou deixou de fazer, não me interessa. É tudo uma questão de valor e preço. Pra ti, quanto vale a morte do Guga?
Tema: Valor
OBS: Marco é o personagem principal do meu livro NOITE ESCURA, que teve uma nova edição.