Prefiro a realidade, ainda que imperfeita

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Por vezes, observo as postagens na internet e me vejo um tanto quanto deslocado. Talvez o que eu venha a dizer soe um pouco mal-humorado, mas é que a vida das pessoas nas redes sociais parece tão boa e tão divertida que isso chega a me irritar.

Em primeiro lugar, porque as pessoas não são felizes o tempo inteiro. E isso é um fato científico (procure aí no Google). Então, essa coisa de fotos com felicidade demais, todo mundo se amando demais, o tempo todo e a cada segundo, além de ser totalmente fake, faz mal para nós, reles mortais.

Peraí! Não confunda minha constatação com algo do tipo “inveja”, “ciúmes”, “haters”, ou qualquer coisa do tipo. Não, nada disso. Simplesmente sou uma pessoa normal, com mil problemas a serem resolvidos, contas a pagar, pouco tempo para escrever, autônomo e, como a maioria, sempre “correndo atrás da máquina”.

E essa moda de “vida perfeita” do Instagram cria uma enorme cratera entre aquilo que observamos no nosso dia a dia e a vida das pessoas que seguimos. E essa diferença do que é postado em relação à realidade faz as pessoas sempre se sentirem perdedoras, devedoras, pois os outros estão sempre melhores e fazendo mais certo do que a gente.

Pois, meus amigos, saibam, por exemplo, que aquelas meninas normais que postam só fotos comendo coisa natural e malhando na academia têm vidas depois daquilo. Elas comem doces e somente são lisas e perfeitas, porque os aplicativos as transformam. Vejam ao vivo. A maioria é muito diferente. Aqueles casais que se amam demais e postam apenas declarações de amor, às vezes nem funcionam enquanto casal, passam brigando – os amigos sabem –, mas a sociedade que vê apenas aquelas fotinhos sorridentes nem suspeitam que na hora da janta o “casal ideal” está cada um no seu smartphone, com zero contato visual; no entanto, eles garantem que a foto do prato milimetricamente organizado esteja postada, com publicação programada para a hora de mais likes.

Por isso, eu prefiro a sinceridade de uma cara fechada, o respeito aos silêncios e aos maus humores ocasionais; as risadas espontâneas que nenhuma selfie vai registrar. Prefiro que as alegrias e as declarações de amor sejam feitas no segredo dos momentos especiais. Prefiro que os momentos íntimos sejam guardados na memória e não no stories.

Enfim: prefiro uma realidade imperfeita do que uma perfeição utópica e midiática.

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