O que vem escrito depois da manchete nem interessa

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Arte é algo desde sempre difícil de se definir. Mas uma coisa é certa: arte deve ser utilizada para fazer as pessoas refletirem, pensarem, saírem de seu quadrado, de sua bolha. Nesse fim de semana que passou, vi uma manchete dizendo que havia uma exposição em Porto Alegre que incentivava a pedofilia e a zoofilia. Confesso que fiquei chocado. Porém, ao invés de compartilhar posts do MBL, eu chamei artistas e amigos que estavam defendendo a exposição para entender o que lá havia. Eu não fui nessa exposição e nem tinha conhecimento sobre o tema.

Brevemente, entendi que não havia apologia à pedofilia, mas sim a constatação e a ilustração de que existem crianças que nasceram no corpo errado e, desde muito jovens, já era possível observar isso. Quem não conhece aquele menino ou menina que, desde sempre, já era diferente dos demais? As ilustrações, nesse sentido, brincam com esse fato, o de pessoas homossexuais já verem, em suas fotos de quando eram crianças, que já davam “pinta”, como eles mesmos afirmam.

Quanto à zoofilia, também é algo totalmente nojento, mas existe. Procurem no Google. Aliás, acho que vocês já viram isso, né?

O que me surpreende é que a maioria das pessoas indignadas com a exposição nunca foram em uma. Não prestigiam a arte em nenhum de seus formatos, nem naqueles que eles dizem que são “limpas”, ou que são “arte de verdade”.

Aqueles indignados com a pedofilia adoram os filmes em que temos “lolitas” desfilando para seus pares com mais de quarenta anos. Quem se incomodou com a arte achava linda a novela “Presença de Anita” e também a Cléo Pires chamando o Celulari de “tio” na novela da Globo. Ou então estão achando linda a “ninfeta” Carla Diaz provocando a Bibi Perigosa na novela das nove. Mas lá não tem problema.

A verdade é que movimentos políticos estão manipulando vocês. Sinto muito. Os “MBL” disseram que artista é tudo de esquerda e vocês acreditaram. Postaram uma manchete mentirosa e tendenciosa e vocês compartilharam, porque o que vem escrito depois da manchete nem interessa.

Não quero falar de política por aqui, mas vou falar de livros – ótimos e famosos – que abordaram temas como pedofilia (pesquisei essa listinha na internet):

– O amor pelos meninos foi cantado por poetas célebres, como Catulo, Tibulo e Propércio, que foram seguidos por Ovídio, Virgílio, Horácio e Lucrécio. O melhor da poesia romana fez eco da pedofilia reinante naquela época, algo que os jerarcas da Igreja romana, séculos mais tarde, não aprovariam, censurando todos os poemas desses artistas ou os traduzindo de acordo com a sua conveniência, mudando o objeto de amor por outros «mais elevados», conforme seu ponto de vista.

– Em 2004, o escritor colombiano Gabriel García Márquez publicou o romance “Memória de minhas putas tristes”, que narra, em primeira pessoa, a história de um nonagenário que se apaixona por uma prostituta de catorze anos. Anteriormente, García Márquez já havia incluído temas como a pedofilia e o incesto em romances como “Cem anos de solidão” (1967), “O Amor nos tempos do cólera” (1985) e “Do amor e outros demônios” (1994).

– Nos escritos do Marquês de Sade (1740-1814), abundam as descrições de situações eróticas com menores. A protagonista do romance “Justine ou Os Infortúnios da Virtude” (1791) é uma menina de doze anos, Justine, com um grande sentido da virtude e que, ao ficar órfã, enfrenta um mundo cheio de libertinos que a ultrajam, a humilham e abusam dela repetidamente.

– Aparentemente, Lewis Carroll (1832-1898) inspirou-se na menina Alice Liddel, que conheceu antes de ela fazer quatro anos e pela qual muitos biógrafos consideram que Carroll sentia uma atração de índole romântica, para escrever o seu famoso romance “Alice no País das Maravilhas” (1865). Hoje em dia, Lewis Carroll é um ícone da pedofilia para pederastas de todo o mundo.

Acho que esses exemplos bastam para fazer uma afirmação: o problema não é falar sobre pedofilia. O que tem incomodado essas pessoas é outra coisa. E o que me incomoda é saber que a censura voltou e – como antigamente – abraçada pela população que tem medo das “más influência externas”. Eduquem seus filhos em casa e façam um favor ao universo.

Eu não me interessei por essa exposição, acho nojento ver arte sobre zoofilia. Não fui. Tão simples.

Não gostou do tema de um livro? Não leia. Não gostou do tema de um filme? Não assista. Não gostou do tema da exposição? Ignore-a.

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