Devemos escrever nossa história

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Rodrigo Tavares

A verdade é que vivemos tempos muito corridos. E é exatamente por isso que, como num bom livro circular, nesse fim de ano volto ao início de tudo: reescrevo a primeira crônica do site,  publicada pela Oficina de Escritores, originalmente.

Eu sempre tive uma certeza na minha vida: gosto de contar histórias, gosto de prestigiar e de fazer parte de uma cena cultural. Sempre fui assim.

Ainda me lembro lá pelos anos 1990, quando comprei, pela primeira vez, um livro com o “meu” dinheiro – da minha mesada, claro – e de lá para cá são centenas de livros na minha biblioteca particular e outras centenas de livros lidos.

Uma consequência óbvia para quem lê tanto é querer escrever e contar suas histórias. Esse sempre foi meu sonho. Porém, a nossa sociedade não está bem preparada para aceitar que ser escritor (artistas em geral) é uma profissão como todas as outras. A verdade é que essa sociedade espera e vende a ideia de que ser artista no Brasil é sinônimo de passar fome, de que não tem futuro, segurança, dentre outras “verdades universais” vendidas por aí.

Acho bacana quando vejo pais incentivando as crianças desde cedo: dão livros, colocam em aulas de teatro, inglês, violão, pintura e tudo mais o que o mercado oferece. Mas não deixo de me perguntar isto: por que será que quando as crianças, os jovens talentos em quem eles tanto investiram, fazem seus dezesseis ou dezessete anos, tal talento já não tem graça e nem valor, e a sentença é quase sempre a mesma: vai fazer um cursinho pré-vestibular e entrar numa faculdade que te dê segurança? Ou seja: quando o jovem talentoso quer transformar esse talento em profissão, em geral isso se transforma “no problema” da pacata família.

E lá se vão nossos jovens e talentosos artistas trocar aquilo que amam e que foram ensinados a fazer por mais uma carreira burocrática ou “normal”.

Eu não sou diferente da sociedade em geral, infelizmente. Sempre soube que gostaria de cantar, escrever, trabalhar com arte, enfim, e quando chegou na hora “H” tomei outra decisão: prestei vestibular para Direito, confiando na velha máxima do “leque de oportunidades” que esse curso abriria e, assim, deixei em segundo plano meus ofícios de artista.

Preciso deixar algo claro: não pensem que não gosto do Direito! Pelo contrário, eu amo o Direito – principalmente o do Trabalho! (embora atualmente, depois da Reforma Trabalhista a decepção seja grande, já que muitos juízes estão me mostrando que eram apenas lobos abaixo de peles de cordeiros). Mas a conversa do leque de oportunidades se provou uma balela (mas isso é assunto para uma outra conversa…), e as dificuldades para se trabalhar no ramo do direito se mostraram enormes – o mercado está saturado, e os salários, em sua grande maioria, são mais baixos do que os de muitos profissionais que fizeram apenas cursos técnicos.

A verdade é que não existe caminho fácil. Em qualquer profissão, todos devem se esforçar – e muito. Deixem, então, que nossos jovens sejam artistas, médicos, advogados, artesãos, ou qualquer caminho que os façam felizes.

Quanto a mim, venho protelando essa paixão por escrever há tempo demais. Lancei dois livros de forma independente (em 2007 e em 2009) e, depois disso, sempre vinha adiando os meus projetos pela falta de tempo, pelas audiências, pelos estudos, enfim… Vinha dizendo a mim mesmo que minha profissão é outra e que minhas prioridades também deveriam ser.

Sim. Esse fui eu tentando me enganar por quase dez anos. No ano passado, eu retomei meu caminho, assumi as rédeas de minha carreira, pedi demissão de um emprego jurídico que me sufocava, e me lancei nesse caminho que vocês já sabem bem.

A verdade é que quem ama algo e quer muito fazer, acha tempo para isso e eu prometi pra vocês que encontraria tempo e escreveria, porque eu amo escrever e tenho muitas histórias para contar. Depois disso, lancei de forma física e digital meu novo romance, o livro Andarilhos, que já esgotou sua primeira edição, e também o e-book Contos Sangrentos, que está indo muito bem, obrigado. Além disso, topei abraçar o projeto de um micro conto por dia (nem todos os dias) no Wattpad, em um projeto em parceria com a Escritor Publicado.

Sabem de uma coisa? Deu tempo pra tudo isso e muito mais.

Então, minha última crônica de 2017 é só pra lembrar vocês: façam suas metas e corram atrás dos seus sonhos! É possível alcançá-los!

Que 2018 chegue cheio de histórias para contar!

Abraços,

R. Tavares

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