[Crítica] Yellowstone – Primeira temporada

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Por culpa de algum algoritmo muito louco, que não conhece nem de perto os meus gostos, só fui descobrir a existência da série “Yellowstone” agora, no segundo semestre de 2020. Por isso, jamais a inteligência artificial poderá substituir os humanos. Um bom amigo, que conhece meus gostos, me avisou: Cara, assiste essa série. Certeza que tu vai gostar.

Por então, não consegui desgrudar os olhos da televisão até esgotar a primeira temporada, disponível no Now, pelo Canal Paramount.

Segundo o site Pipoca moderna, o canal pago americano Paramount registrou recorde de audiência com a exibição de “Yellowstone”, primeira série estrelada pelo ator Kevin Costner.

A atração foi vista por 2,8 milhões de espectadores no dia de estreia e este número ganhou mais 2 milhões de pessoas, atingindo 4,8 milhões com as reprises e gravações digitais nos primeiros três dias desde a exibição original.

Em Yellowstone, Kevin Costner interpreta o fazendeiro John Dutton. A família dele é dona de uma estância desde 1886, e atualmente o local se tornou o maior dos EUA. Ele tem quatro filhos e muitos inimigos de olho em um pedaço enorme de terra, que faz fronteira com uma reserva indígena e com uma área de empreendimento imobiliário.

Costner nos entrega uma atuação segura, onde basta sua imagem aparecer na tela para nos mostrar a importância do personagem. Isso, é claro, acontece também por causa de seus inúmeros personagens fortes, de faroestes ou não, o que é bem aproveitado pela direção. Aliás, como temos toda essa memória afetiva do ator, quando o vemos se entregar a dor em determinada cena, isso é ainda mais poderoso.

Seu rancheiro atua com decisões baseadas em uma métrica de justiça extremamente pessoal, sempre no limiar entre o justo e o injusto, o legal e o ilegal, nos mostrando a personalidade daquele homem, cheio de defeitos, mas já muito castigado pela vida. Trata-se daquele tipo de homem embrutecido pela lida, como digo em meus livros, e que apesar de vermos que ele faz coisas odiosas, impossível não sentirmos certa ternura e, até mesmo, empatia por algumas de suas ações.

Ele é viúvo e tem quatro filhos, diferentes e conflitantes entre si: a filha poderosa, mas que carrega o peso de ser mulher naquele mundo de machos, o filho que quer seguir os passos do pai como rancheiro, o filho advogado, uma espécie de Tom Hagen, aquele advogado do Poderoso Chefão que atuava apenas para defender aquela família, e, claro, o filho que quer fugir dos passos do pai e casa com uma índia, que vive na reserva ao lado.

Não bastasse essa família tão diferente entre si, que já daria pano para uma temporada inteira apenas entre eles, Dutton precisa enfrentar um político indígena poderoso, que representa o povo sofrido dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que é apenas o espelho do Costner, cometendo tantos erros quanto, atrás de seus objetivos e, ao mesmo tempo, precisa frear a tentativa de construir um hotel luxuoso ao lado de suas terras, uma vez que o mercado imobiliário quer sua propriedade para continuar avançando.

Em resumo, uma série em que nenhum núcleo pode ser visto como bonzinho, são apenas pessoas defendendo seus interesses, sem medir as consequências. Além disso, temos uma trilha sonora magistral, atuações marcantes, fotografia com cores fortes, brutas como os homens daquela história e, o que gosto demais, histórias de gente longe demais das capitais. Um bálsamo para quem não aguenta só histórias de burocratas de Washington, Nova York, São Paulo ou Porto Alegre.

A temporada termina exatamente no final de um primeiro ato, se estivéssemos tratando de um filme. Ansioso por assistir as próximas temporadas.

Por fim, preciso destacar o trabalho do diretor Taylor Sheridan, que dirige todos os episódios (e eu espero que essa unidade seja mantida nas próximas temporadas), de maneira econômica, dando tempo para que cada cena ou fala surta seu efeito. Já era fã dos trabalhos dele nos filmes A qualquer custo, Sicário e Terra Selvagem, e agora, mais ainda.

 

31/07/2020

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